No sertão do Rio Grande do Norte, no começo do século XX, a prática do ensino não era meramente um trabalho, era um chamado. Marta Bezerra percebeu isso desde jovem e transformou sua existência em um espaço de aprendizado. De 1915 a 1954, lecionou em Pedra Preta, Caiçara e Lajes, transmitindo saberes, otimismo e bravura por todos os lugares que percorreu.
Foi aluna da primeira turma do Colégio Pedro II, jovem cadeirante, enfrentou as barreiras do corpo com a força da mente e da vontade, foi mestra no lar, responsável pela formação das irmãs mais novas Vina Cunha, Graziela Cunha, Lourdes e Alaíde. Carregava consigo o valor do estudo e a certeza de que a educação é a semente de um futuro melhor.
Na simplicidade de sua singela casa, em Lajes, criou a primeira escola isolada da cidade. Ali, entre paredes modestas e carteiras de madeira, ensinava muito além da leitura e da escrita, transmitia disciplina, respeito e coragem. Mostrava todos os dias, que a grandeza de um professor não se mede por prédios ou recursos, mas pelo impacto na vida de cada aluno.
Não havia tecnologia, redes sociais ou livros em abundância. Havia, sim, uma mulher jovem de olhar firme e paciência sem fim, que enxergava em cada criança a possibilidade de bordar um futuro menos árido para o seu povo. Marta não apenas ensinava palavras ensinava a viver com dignidade e coragem.
Hoje, seu nome segue vivo em Lajes, na Escola Municipal Professora Marta Bezerra de Medeiros, que honra sua memória ao formar cidadãos e transformar vidas. O que antes era um sonho solitário agora se multiplica em projetos, feiras e eventos, mostrando nas redes sociais da escola que o legado da “professora Marta” continua inspirando novas gerações.
Esse e o reconhecimento de que a vida de uma mestra não cabe em diplomas, mas permanece nos gestos, nos valores e nas memórias que seguem vivas em cada sala de aula. Cada letra escrita, cada descoberta feita pelos alunos, é lembrança de que ensinar é plantar raízes que nunca se perdem.
Marta Bezerra de Medeiros, com coragem e ternura, transformou o sertão potiguar e provou que a educação atravessa o tempo, deixando marcas que a memória não apaga. E talvez ela jamais tenha imaginado que o seu nome resistiria assim, firme, ao tempo. Mas basta que uma criança, naquela escola que leva seu nome, escreva sua primeira palavra para que, em silêncio, Marta sorria discreta, lembrando a todos que ensinar é um gesto de eternidade.
Maria Jusifina da Silva
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