As secas têm sido uma constante na história brasileira e, em especial, naqueles estados que formam o chamado "polígono das secas". Por muito tempo, as elites política e econômica, ao evidenciar e dramatizar este fenômeno em seus discursos, transformaram-na na principal causa do processo migratório do interior flagelado para os centros urbanos mais importantes econômica e politicamente.
A seca pode não ser o principal problema do Nordeste, mas é, com certeza, o momento de desvelamento e exacerbação de uma estrutura social, política e econômica que está na raiz dos seus problemas, principalmente a partir da Primeira República (1889-1930), objeto de um saber técnico, científico, positivo, civilizador, que salvaguardou políticas públicas, estudando e propondo a busca das soluções para o cortejo de flagelos que a acompanham.
Até o início do século XX, as medidas oficiais de combate aos flagelos das secas eram de caráter meramente assistencialista e emergencial, organizadas apenas nos anos que o fenômeno climático eclodia com virulência. Os relatos das secas no período colonial e imperial constituíam um repertório de horrores e tragédias que assombravam o imaginário republicano. Os dois primeiros atos da tragédia que compõem Os Sertões (1902), de Euclydes da Cunha, ressaltam esta luta do homem contra a terra, contra uma natureza.
Neste mesmo período foi experimentada, por iniciativa do governo provincial do Rio Grande do Norte, na administração Lobato Marconde, a criação de colônias agrícolas para fixação dos retirantes fora da cidade, fora da capital.
Na Vila de Lages, migrações, esvaziamento do campo, desestruturação da agropecuária, desagregação social e familiar, foi um dos diversos temas correlatos à problemática da seca no início do século XX.
As condições urbanas da Vila de Lages no final da década de 1910 e início da de 1920 era de grande fragilidade e precariedade nos serviços e equipamentos urbanos. As transformações no município só ocorreram depois de 1926 quando acontecer a emancipação política do município de Lajes.
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