segunda-feira, 14 de junho de 2021

Será que começamos a nos sentir mais iguais diante do medo de uma nova guerra viral?


 

De repente, ninguém se sente seguro diante desse mal invisível. Todos nós estamos igualmente desarmados


O mundo está passando por uma prova global de medo diante da nova epidemia viral que ameaça a todos por igual e que nos mostra que, para ela, não existem muros nem fronteiras. É um inimigo que domina o espaço e o tempo, e a humanidade não será a mesma depois deste enigma que ninguém é capaz de resolver. Se será melhor ou pior, dependerá de nós e de como sejamos capazes de entender sua mensagem.
que é certo é que, de repente, ninguém se sente seguro diante desse mal invisível. Todos nós estamos igualmente desarmados. Pessoas importantes e simples, famosas e anônimas se veem forçadas a lavar igualmente as mãos, a cobrir comicamente o rosto e a sofrer a quarentena até amorosa imposta pelo temor do contágio. Todos sentem medo. Descobrimos ser igualmente vulneráveis diante de um inimigo invisível que não pede nossa identidade de gênero, política ou religiosa para nos atacar ou nos salvar. O presidente de um banco importante morre e seu motorista se salva. Morrem o político e o pedreiro, o crente e o ateu. O mundo, as coisas, a vida e seus velhos paradigmas estão mudando vertiginosamente, para nosso assombro.

Será que esta guerra sem nome servirá para algo? Será que nos fará mais humanos, com menos ódio, ou endurecerá ainda mais nosso coração? Nestas horas de angústia global em que as crianças nos olham com estranhamento, fazem-nos perguntas sem respostas e não entendem por que não podemos mais beijá-las, prefiro apostar que o vírus diabólico que chega sem bater à porta nos trará o paradoxo de nos ajudar a refletir se vale a pena cultivar no coração tantos ódios políticos, tanta vontade de acumular. Ele nos obriga a repensar nosso moderno e cruel capitalismo, assim como nos obriga a olhar nos olhos as vítimas da pobreza e o abandono dos discriminados. Desta vez, todos nós, sem distinção de posição social, sentimos medo e vulnerabilidade.

Esta epidemia que nos atingiu como um lúgubre e imprevisível fantasma da morte terá consequências políticas e sociais tanto mundiais como locais. Inclusive aqui no Brasil, um país que, além disso, não tem um líder à altura da gravidade do momento. Uma tragédia que nos afetará a todos também no campo humano e emocional. Será que sairemos deste inferno melhores ou piores? Será que teremos menos rancores, mais consciência de que todos nascemos nus e iguais, mais vontade de lutar, de agora em diante, por uma vida melhor para todos, de mãos dadas como em uma festa, menos apegados às coisas inúteis e supérfluas, ou continuaremos olhando um para o outro com olhos de sangue?
Meu pressentimento é o de que, se o vírus nos perdoar, sairemos desta com mais vontade de construir um mundo menos cruel, mais feliz e mais de todos, onde, como afirma o profeta Isaías, “as espadas se transformem em arados e os lobos possam conviver com os cordeiros”. E onde “nenhuma nação se levantará contra outra e ninguém mais se preparará para a guerra”.

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